O estilo enxaimel tornou-se símbolo de várias cidades catarinenses, mas quais são as casas alemãs mais tradicionais de Santa Catarina? O Viajar é Vida fez uma lista das edificações famosas por sua técnica construtiva e que atraem diferentes turistas do Brasil e até do Exterior. Pomerode é a mais tradicional das cidades, com pelo menos 233 construções neste estilo segundo inventário da Prefeitura, mas não é a única. Além da cidade mais alemã do Brasil, vamos mostrar outras construções do gênero em outras cidades do estado. Confira.
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As casas alemãs mais tradicionais de Santa Catarina: Rota do Enxaimel em Pomerode
A Rota do Enxaimel por si só é um roteiro para momentos de muita informação histórica, degustação da culinária e entendimento do dia a dia do morador de Pomerode. Ali ficam construções bem famosas, como a Casa Radünz. O visitante consegue conhecer a edificação por fora e por dentro, onde se mantém toda preservada e com móveis de época. A propriedade possui ainda um lago e roda d´água. A casa, em si, foi construída em 1932 e faz parte do conjunto de casas enxaimel da última geração, já possuindo varanda incorporada ao corpo da edificação.
A planta baixa reproduz a planta básica da maioria das casas teuto-brasileiras: sala e quarto frontais e cozinha aos fundos. As fachadas exibem toda a estrutura enxaimel e o fechamento em tijolos característico da arquitetura enxaimel vista no Brasil. Nas laterais da varanda, os mesmos tijolos desenham arcos que estruturam a abertura. Os apoios da casa também são em tijolo rebocado, postos sobre sapatas de pedra. Chamam a atenção os detalhes de acabamento na varanda.
Onde fica a Casa Radünz
- Rua Curitiba 377
- Informações: (47) 99704-2347
- Visitação: de terça a domingo das 9h às 17h30min
Na mesma região está a Casa Siewert
Também na bela Pomerode, e na Rota do Enxaimel, fica a Casa Siewert. A família chegou ao Brasil em 1868 e a casa construída em 1913, onde já passaram três gerações dos Siewert. Em uma visita guiada, conheça a história da família desde sua origem na Pomerânia, o motivo da viagem e a chegada ao Brasil.
Veja a evolução que ocorreu ao longo de um século e meio por aqui. Estude a técnica de construção enxaimel e por que este método construtivo é um patrimônio histórico. No pequeno sítio você pode aprender a história do milho na região, conhecer os animais da criação e o pequeno carro da família. Se preferir, pode somente degustar e adquirir produtos coloniais como queijo, linguiça, licores, cachaças, geleias e cervejas artesanais.
Onde fica a Casa Siewert
- Rua Testo Alto, 8.019
- Informações: (47) 99683-7043
- Visitação: de segunda a sábado: 9h às 17h e domingos das 9h às 11h30min
Na vizinha Indaial, está outra representante das tradicionais casas enxaimel
A Casa Duwe, em Indaial, também no Vale Europeu, é outro exemplar da típica técnica enxaimel. A edificação, que hoje é tombada em nível federal e estadual, está implantada no fundo de uma extensa planície onde se cultivava arroz e trigo, praticamente isolada na paisagem. A volumetria da Casa Duwe é única, o que a torna mais especial ainda. Nas imediações é possível observar várias casas de acentuado valor cultural. A Casa foi construída por volta de 1930 pelo construtor Otto Wolter, a pedido do primeiro proprietário Carl Lindner, nascido em Indaial no ano de 1886 e filho de imigrante alemão.
A implantação reflete a apropriação tradicional do lote pelos imigrantes, estendendo-se do rio até a cumeada dos morros. Na várzea, cortados pela estrada, estão a casa, seus ranchos e anexos, o jardim e o pomar, além da plantação. A varanda integra o projeto original, inserindo-se no corpo da casa. Atualmente, a Casa Duwe faz parte do Circuito de Caminhante do Vale Europeu.
Onde fica a Casa Duwe
- Rua Augusto Maass,5700
- Bairro Arapongas, Indaial – SC
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As casas alemãs mais tradicionais de Santa Catarina também estão em São Bonifácio
No município de São Bonifácio, na região Sul de Santa Catarina, há também uma série de casas históricas alemãs. A antiga vila germânica, ainda bem tradicional e praticamente povoada pelas mesmas famílias que chegaram à região em 1863, mantém uma pequena população de 3 mil habitantes e é considerada também a “Capital Catarinense das Cachoeiras”. Aos finais de semana, cerca de 600 visitantes – a maioria famílias – vão ao município em busca de paz, belezas naturais, gastronomia típica e produtos caseiros.
Segundo registros, há mais de 120 casas originais da cidade, erguidas entre o fim do século 19 e o meio do século 20. São Bonifácio possui recorde em construções originais: enquanto 50 das 240 casas de Pomerode, conhecida como a cidade mais alemã do Brasil, permanecem no lugar desde que foram erguidas, em São Bonifácio este número passa de 120. São casas montadas com técnicas da época e que se encontram em variados níveis de conservação até hoje.
Blumenau e sua Vila Itoupava
Na Vila Itoupava, em Blumenau, fica a maior concentração de casas neste estilo. É onde está a Casa de Bruno Flohr tombada por sua importância histórica, arquitetônica e cultural. Localizada na Rua Erwin Mantske, nº 12.012, é um conjunto formado por edificação, anexo e quatro ranchos. Inserido no perímetro rural do município, tem sua data de construção em 1909. Esta região da Vila Itoupava pertencia ao Distrito de Massaranduba. A emancipação ocorreu em 1943. A distância do Centro de Blumenau é de cerca de 25 quilômetros.
São Bento do Sul e Joinville também têm representantes entre as casas alemãs mais tradicionais de Santa Catarina
A Casa de Edeltraud Eichendorf, em São Bento do Sul, possui mais de cem anos. Mescla enxaimel e alvenaria autoportante de tijolos aparentes, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Fica na Estrada Dona Francisca, n° 158, e é moradia de duas famílias que alugam o espaço.
Já em Joinville, fica a Casa da Família Fleith. Localizada na Estrada do Pico, em Pirabeiraba, a residência foi construída em 1913, por João Jacob Fleith, pai de Alvino, atual proprietário da casa. Este é um dos mais significativos exemplares de enxaimel de tijolos aparentes da antiga Colônia Dona Francisca.
O que o enxaimel tem de tão especial?
O site Casas Enxaimel, que agrega uma equipe de carpinteiros especializados na técnica, diz que somente carpinteiros de altíssimo nível, bem disciplinados e alinhados com a cultura germânica, conseguem atuar nesse ramo. Cada detalhe é muito bem planejado e há normas e tradições seculares que devem ser seguidas. Para quem não conhece, toda casa enxaimel é montada como se fosse um quebra-cabeças. São centenas de peças que devem se encaixar com precisão, formando uma estrutura notável e extremamente forte. Os encaixes são os mesmos usados há séculos neste tipo de construção. E ali está o desafio, não importa o tamanho ou complexidade da construção, toda a estrutura deve ser encaixada. Pregos ou parafusos não podem ser usados.
Vale destacar ainda que uma casa enxaimel é uma casa pré-fabricada; e por mais que isso surpreenda, isso é assim desde sua origem. Então inicialmente, numa carpintaria são fabricadas todas as peças de madeira da casa e em seguida todas as paredes são previamente montadas, ajustadas, conferidas e nisso cada peça recebe um número que orientará depois na sua montagem definitiva. A numeração tradicionalmente é feita com números romanos e geralmente está no extremo esquerdo ou inferior de cada peça. Esse sistema característico do enxaimel se chama “recomposição” e inclusive possibilita fazer realocações destas casas. Ou seja, podem ser desmontadas e remontadas em outros locais.
Você tinha noção sobre todo esse universo que cerca as casas alemãs mais tradicionais de Santa Catarina? Já visitou alguma delas em território catarinense? Conte como foi sua experiência nos comentários do Viajar é Vida.
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