Como fazer uma viagem de carro barata até o Uruguai

Era abril de 2014 quando decidi o que fazer no Réveillon seguinte, para esperar a chegada de 2015. Uruguai seria o destino. E de carro. A partir de agora, o Viajar é Vida ajuda a responder as principais dúvidas sobre como fazer uma viagem de carro barata até o Uruguai.

Oito meses antes da viagem, já adiantei as reservas dos hotéis para 11 dias pelas estradas. Até convidei os amigos, mas somente um encarou o planejamento e a viagem. Juntos, definimos que além de Punta Del Este, iríamos a Montevidéu, Colonia Del Sacramento, depois Buenos Aires e então retornaríamos ao Brasil.

“Como fazer uma viagem de carro barata até o Uruguai”

Foto: álbum de viagem pessoal

11 horas de viagem no primeiro dia de viagem até o Uruguai

Partimos de Itajaí (SC) até a cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. A estrada é tranquila depois de passar o trecho de Laguna, onde não há duplicação. Após cruzar a divisa, a BR-101 volta a ser pista simples, mas num percurso praticamente sem movimento.  São centenas de quilômetros sem ver outro veículo e somente com paisagens (sem casas ou estabelecimentos comerciais). Para chegar à primeira parada, é preciso passar por dois pedágios em SC, hoje ao custo de R$ 2,70 cada, além da balsa em Rio Grande, ao valor de R$ 22 por carro. No total neste primeiro dia, 11 horas de viagem.

Foto: álbum de viagem pessoal

Recebidos com trovoada em Punta Del Este

De Rio Grande, a parada seguinte seria já no Uruguai, mais precisamente na cidade de Punta Del Este. Novamente estrada tranquila, mas com a presença de muitos veículos brasileiros fazendo o mesmo trajeto. Na divisa, em Chuí – na parte uruguaia – , dá para parar nos free shops para fazer compras. Só fique atento à cota permitida. Para atravessar a fronteira, é preciso parar na alfândega, apresentar passaporte ou identidade, além da carta verde, uma espécie de seguros para terceiros. As seguradoras no Brasil fazem a documentação, mas, caso tenha esquecido, existem seguradoras quase na fronteira prontas para resolver o problema. Mas, claro, por um preço bem mais alto.

Foto: álbum de viagem pessoal

De Rio Grande a Punta foram cinco horas e meia de viagem, já com a parada no Chuí. Tem um pedágio no caminho, a R$ 6,50 à época (cobrado em pesos uruguaios). Diferente no percurso é uma pista de pouso de emergência na própria rodovia, que se alarga e tem demarcações aeroviárias por um trecho já quase chegando em Punta Del Este. Ah, no nosso caso, também foi preciso parar para esperar uma tempestade com muitos raios, chuva e vento.

Como fazer uma viagem de carro até o Uruguai? Dicas do terceiro dia

Punta Del Este é uma cidade muito bonita. Limpa, organizada e mesmo com a movimentação do Réveillon, possível circular de carro e estacionar em frente à praia a qualquer hora do dia. E da noite. Mesmo na noite da virada. Neste período do ano há muitos visitantes. São brasileiros, argentinos, paraguaios e chilenos que se dividem em locais como a Praia Brava e sua famosa mão que brota da areia (La Mano) ou na orla em frente ao Conrad Hotel e Cassino. Não espere show de fogos de artifício tais quais os do Brasil. Por lá, essa explosão comemorativa ocorre de forma particular em alguns edifícios. Ainda assim é bonito e emocionante. Uma dica importante. Se for nesta época do ano, cuidado com as ceias. Em muitos locais eles cobram até 900 dólares americanos. No restaurante em frente à La Mano conseguimos pratos pelo mesmo valor do menu. A única exigência foi o pagamento antecipado de R$ 50 para a reserva da mesa.

Foto: Lou Mackt
Foto: Hugo Grasso Sastre
Foto: Pixabay

De Punta Del Este a Montevidéu no quarto dia de viagem

Saímos logo cedo para Montevidéu. No percurso de cerca de duas horas passamos por dois pedágios. Cada um ao preço de R$ 6,50 (valor da época). O carro ficou estacionado no próprio hotel durante toda a estada na cidade. Junto com uma dezena de outros veículos brasileiros. Optamos por circular a pé porque a capital uruguaia é de fácil locomoção. Logo no primeiro dia fomos conhecer a Ciudad Vieja, na região portuária. No dia 1º de janeiro não tem muito comércio aberto por lá. Apesar de ser uma grande cidade. Até restaurantes mantiveram-se fechados. Os dois que encontramos estavam lotados. E com muitos, mas muitos brasileiros.

Foto: The German Kid

Aproveitamos mais de Montevidéu nos dois dias seguintes

Neste dia percorremos a Avenida 18 de Julho inteira. Fomos em busca do Estádio Centenário, palco da Copa do Mundo de 1950. O local tem o Museu do Futebol e a possibilidade de entrar e ver de perto o campo. Mesmo quem não curte o esporte deve se render ao passeio. De lá, pegamos um táxi (muito barato) até Pocito. O bairro chique está banhado pelo Rio da Prata. Nos arredores, prédios de alto padrão dão uma cara sofisticada ao lugar. A rambla (rampa em espanhol) é quase um calçadão e contorna toda a parte banhada da cidade.

Aqui foi o dia de conhecer o Mercado Agrícola. Mais uma vez fomos a pé. É uma boa caminhada. No dia anterior já tínhamos feito 23 quilômetros andando. Encaramos mais este percurso e valeu a pena. O local é muito simpático, com restaurantes, lojinhas e produtos agrícolas do Uruguai. Lugar perfeito para conhecer o doce de leite e seus subprodutos. Também conhecemos uma cervejaria artesanal. 

Mais ao Sul, chegamos em Colônia del Sacramento

Era hora de ir mais ao Sul do Uruguai. De carro, em duas horas, chegamos a Colônia del Sacramento. É uma cidadezinha muito simpática. E completamente turística. A cidade velha é muito charmosa, repleta de restaurantes e até carros elétricos (daqueles de golfe) podem ser alugados para circular pelo local. Parece um set cinematográfico, com cidade cenográfica e o típico meio de locomoção. E tem ainda o indescritível pôr-do-sol para completar a cena. Mas lá o espetáculo é mais tarde, por volta das 21h. Como o número de brasileiros é grande, os locais todos aceitam pesos uruguaios, dólares e reais.

Foto: The German Kid

Navios fazem a travessia internacional entre Uruguai e Argentina

É de Colônia del Sacramento que parte o Buquebus numa viagem até Buenos Aires. O barco/balsa comporta pessoas de maneira muito confortável e também carrega veículos. Você opta por atravessar com ou sem carro. Fomos sem. Deixamos no estacionamento da própria empresa que faz a travessia, ao preço de R$ 25 por dia. A passagem de ida custou à época R$ 180 por pessoa. É uma viagem internacional, lembre-se disso. Estamos indo do Uruguai para a Argentina. Quem leva o passaporte recebe carimbo e tudo. Depois de zarpar, é possível fazer compras no Dutty Free inclusive. O terminal portuário é como um aeroporto, com check in, migração, despacho de bagagem, espera antecipada.

Fique atento aos horários. E aproveite a boa estrutura com internet wifi de graça. A viagem leva uma hora e meia e o desembarque é no belo Puerto Madero, um dos locais mais nobres da capital argentina. Chegamos por volta de meio-dia. Hora de almoçar em um dos disputados restaurantes da região. Depois, visita nos arredores. Já conhecíamos a cidade, foi o momento de descobrir novidades ou revisitar antigos locais. Viu? Dicas e mais dicas sobre Como fazer uma viagem de carro barata até o Uruguai.

Foto: Claudio Bianchi

Um passeio em meio às águas do Rio Tigre

No nono dia da viagem, hora de aproveitar a capital argentina. Buenos Aires em si eu já conhecia. A novidade desta viagem foi a vizinha Tigre. A cidade seria para a Argentina, o que Veneza é para a Itália. Uma parte continental e várias ilhas dentro do Delta do Rio Tigre com casas principalmente de veraneio. Para se locomover? Só por barco ou lancha. Não há ruas, mas vias aquáticas. A cidade tem internet, eletricidade, mas não gás ou água encanada. Muitos moradores decantam a água do próprio rio para uso no banheiro e até tomar banho, por exemplo. Para beber ou cozinhar, ou compram na parte continental, ou esperam o barco-mercado passar. A embarcação para nas casas onde há uma sacola branca no cais de entrada. Se quiser enviar uma carta, o endereço é o nome do rio ou riacho que forma a hidrografia mais o número da casa. Também há capela e escola, que funciona no mesmo esquema das escolas rurais: turno integral, com almoço na unidade e transporte gratuito (de lancha) até suas casas.

Infelizmente as férias acabam e a gente precisa viajar de volta pra casa

No décimo dia, hora de iniciar o retorno. O percurso é praticamente o inverso. De Buenos Aires até Colônia del Sacramento de Buquebus. Na cidadezinha pegamos o carro de volta e dirigimos até Montevidéu. Mais uma passeada pelo Centro e retorno ao hotel para uma boa noite de sono. 

Foi apenas no 11º dia que pegamos o carro rumo ao Brasil. A viagem de retorno foi de Montevidéu a Porto Alegre. Não se esqueça dos pedágios em terras uruguaias. São três até a fronteira. Citei acima os preços em reais, mas a cobrança só é aceita na moeda local. Fique ligado.

Em cerca de seis horas chegamos ao Chuí. Quem quiser, pode conhecer os free shops da cidade, dividida em Chuí brasileira e Chuy uruguaia. O almoço foi por aqui mesmo, depois de uma olhada nas lojas. Início de tarde, seguimos rumo à capital gaúcha. Foram mais seis horas de estrada. Desta vez com pior qualidade. A BR-116, via Pelotas, não é duplicada e tem muito fluxo de caminhões. É preciso ter cuidado. Se puder dar um conselho, volte pelo Litoral. Como não tínhamos experiência e já havíamos reservado hotel, acabamos indo para Porto Alegre. Foi cansativo, mas valeu a pena pela cantina italiana Atelier das Massas. Primorosa.

Foto: Daniel Agrelo

Dia 12 e nós já no Brasil

Como tínhamos receio do trânsito em Laguna (trecho não duplicado da BR-101 naquela ano em Santa Catarina), dormimos somente três horas e antes das 2h da manhã já estávamos na estrada. Saindo de Porto Alegre até a região Sul de Santa Catarina a rodovia é boa. Conseguimos chegar à parte complicada da viagem antes das 6h, o que garantiu passagem sem problemas. Oito horas da manhã já estávamos cada um em sua casa. Foram seis horas de viagem e muita confabulação para novas aventuras. Curtiu esse roteiro? Aprendeu como fazer uma viagem de carro barata até o Uruguai?

 Viu como é simples? Basta coragem e um bom planejamento. Se quiser tirar mais dúvidas, escreva para o Viajar é Vida!


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